Visitar São Paulo é, para mim, sempre motivo de alegria pois é certeza de lá chegar e ter novidades, seja na avenida Paulista ou em outra parte dessa intensa capital.
Adoro percorrer essa imensa avenida, rever seus arranha-céus, visitar a Livraria Cultura, passar na Casa das Rosas, ver o Hospital Santa Catarina com sua linda capela, passar pelo MASP com suas pilastras vermelhas e o enorme vão livre. São ícones da cidade que me certificam de que cheguei em São Paulo e parece que estou revendo velhos conhecidos.
# Dessa vez, a grande novidade foi conhecer a Japan House, o centro cultural, construído por iniciativa do governo japonês, que deseja mostrar o Japão em toda a sua grandeza desde sua cultura milenar até a parte mais inovadora e tecnológica.
Mesmo antes da inauguração, sua fachada já despertava a curiosidade de quem passava pela avenida Paulista. Tiras de uma madeira especial - hinoki - encaixadas assimetricamente e um paredão em estilo cobogó criaram uma fachada que desperta curiosidade. O projeto do arquiteto japonês Kengo Kuma é delicado e discreto.
A Japan House é o primeiro centro cultural totalmente dedicado à cultura japonesa e vai oferecer muitas atividades ao longo do ano: cursos, shows, experiências gastronômicas...
# Primeira Exposição da Japan House
A primeira exposição "Bambu, Histórias de um Japão"começou em 6/5, dia da inauguração da Japan House, e foi até 9 de julho . A proposta da Japan House é ter entre seis e oito exposições anuais.# Espaço
Em um prédio de três andares, estão distribuídos espaços de exposição, salas para workshop/reunião, cafeteria, duas lojas, biblioteca, espaço de leitura, restaurante e jardim.Jardim no térreo próximo à biblioteca. |
A primeira mostra chamou-se "Bambu, Histórias de um Japão" e contou com três artistas japoneses, que vieram especialmente para montar suas obras na Japan House: Akio Hizume, Chikuunsai IV Tanabe e Shigeo Kawashima.
# Artistas
Chikuunsai IV Tanabe foi o responsável pela instalação Conexão, obra que ocupou o salão principal do 3º andar. Cinco mil finas tiras de "bambu tigre", preparadas à mão, conectavam o chão ao teto sem cola ou estrutura complementar.Como ele conseguiu fazer isso?
Bem, todos perguntavam a mesma coisa. Foi graças a um tipo de ponto/trançado, denominado "favo de mel", usado no Japão há mais de 8 mil anos. Tanabe utilizou as mesmas tiras de bambu em diferentes instalações, essa, Conexão, foi a sétima obra usando esse mesmo material.
Ainda nesse mesmo andar, uma outra interessante instalação chamada "Ponte em Circulo", feita em bambu cana-da-índia de autoria de Shigeo Kawashima. Segundo o artista, a obra mostra o desejo de criar "um anel brilhante e viçoso" que simbolizaria o relacionamento entre Brasil e Japão.
Obras, em exposição no segundo andar, ilustravam a arte em bambu.
Logo à entrada, fomos recepcionados pela obra Mu-Magari 600.
Akio Hizume foi o artista responsável pela escultura Mu-Magari, elaborada com 600 estacas de bambu cana-da-índia e dispensou juntas ou apoio no solo para manter-se estável.
Em todos os andares, ao invés de paredes, a separação entre os espaços foi criada por uma espécie de tela feita de um papel artesanal, o washi, que conferiu muita leveza aos ambientes. O autor desse projeto foi o artesão Yasuo Kobayashi, especialista em processos artesanais do papel, estudioso das técnicas de produção do washi e fundador da Associação Cooperativa do Papel Washi de Kadoide, no Japão.
Peças de Kazuo Hiroshima. |
Esse mestre tem uma linda história de vida: como não pode trabalhar na terra por ter uma deficiência em uma das pernas, passou a se dedicar ao artesanato. Ele percorria as localidades próximas, via as necessidades do dia a dia e produzia as peças em bambu para cada casa. Ao longo de sua vida formou vários discípulos que dão continuidade ao seu trabalho.
Ainda no térreo, podemos encontrar à venda, na loja Madoh, artigos em madeira, bambu e cerâmica.
No segundo andar, a lojinha chamada Furoshiki vende "furoshiki" que é "um tipo de lenço/tecido de embalagem" de estampas e coloridos bem variados que, através de diferentes tipos de amarração, pode se transformar em bolsas e embalagens.
No terceiro andar, o restaurante Junji Sakamoto serve pratos típicos da culinária japonesa.
Bem, a exposição "Bambu, Histórias de um Japão" encerrou-se no dia 9/7 mas, a Japan House, em breve, terá outras exposições que virão para fortalecer cada vez mais os laços entre a cultura japonesa e brasileira.
Achei muito respeitosa a forma como os artesãos são vistos na cultura japonesa, eles são considerados mestres !
A visita à Japan House é uma aula de respeito às gerações mais velhas, a sabedoria que elas construíram ao longo dos tempos, a preservação de tradições, respeito aos elementos da natureza e cuidado com o equilíbrio ecológico.
Essa é a primeira Japan House do mundo e outras unidades serão inauguradas em Londres e Los Angeles, ainda em 2017.
Endereço: Avenida Paulista 52
Entrada gratuita
FOTOS : J.C. ALVAREZ
Adorei essa postagem. Um show de imagem. Linda exposição. São Paulo tem muita coisa bacana para a gente conhecer e apreciar!
ResponderExcluirParabéns!
Obrigada pela visita ao meu blog. Um abraço
ExcluirAdoro São Paulo, sempre muito visitar a cidade.
ExcluirLindo seu relato. Esta eu perdi... Bjs
ResponderExcluirQue pena, Flora! Vamos ver qual´será a próxima exposição da Japan House. beijocas
ExcluirAmooo São Paulo! <3
ResponderExcluireu também, tem sempre um lugar interessante, um bom restaurante para conhecer.Fora isso eu amo voltar a visitar lugares que aprecio. beijos
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